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domingo, 28 de agosto de 2016

O Lobo de Wall Street (crítica)

Pode dizer-se que este filme tem uma das histórias mais amorais dos Estados Unidos nos últimos anos. E é também por isso que O Lobo de Wall Street tem tamanha importância no cinema contemporâneo. Ao longo do filme, acompanhamos Jordan Belfort, um jovem ambicioso que sonha em ser rico de uma maneira fácil conquistando a Bolsa de Valores de Wall Street. Mas, exatamente no dia em que estreia na função de corretor acontece uma Black Monday, que é nada mais nada menos que uma queda brusca das ações o que acaba por deitar a baixo Wall Street. Sem emprego, Jordan descobre a mina de ouro na venda de ações que estão fora da grandeza das de Wall Street; são empresas más, algumas que não têm a menor oportunidade de fazer sucesso, vendidas por quase nada. Mas que pagam a quem vendê-las uma gorda comissão de 50%. Com uma conversa bem estruturada, não demora muito até que Jordan se dê bem na nova profissão. Mais ainda: não demora muito para que descubra o melhor meio de capitalizar a galinha dos ovos de ouro, fundando com velhos parceiros uma empresa que lhe traria rios de dinheiro: a Stratton Oakmont.
Contando apenas isto, fica a leve impressão de que O Lobo de Wall Street simplesmente repete as velhas narrativas clássicas ao contar a história de um homem de visão que, usando os mais variados empregos, chegou à riqueza e depois sucumbiu à decadência. Isto é um engano. Explorando com habilidade elementos variados como a estética televisiva e a quebra da quarta parede, o diretor oferece-nos uma verdadeira ode à depravação. Sim, depravação. Pois é assim que Jordan e os seus fiéis amigos levam a vida, em busca do prazer absoluto sem pensar duas vezes em usar drogas ou praticar sexo com quem aparecer pela frente. Só que, para retratar tamanho hedonismo, era preciso mergulhar fundo, de cabeça mesmo. Sem moralismos nem julgamentos, apenas retratar aquele universo como se fosse o mais trivial possível, de forma que nós pudéssemos crer que tudo o que é exibido é factível. Politicamente incorreto ao extremo, o filme oferece-nos um punhado de sequências impressionantes pela ousadia. Se Scorsese não esconde a nudez frontal das suas personagens, ele também mostra uma orgia gay sem qualquer problema. Se numa sequência Belfort e os sócios estão a debater na mesa de reunião o melhor meio de realizar um torneio de arremesso de anã, noutra o protagonista e o seu pai conversam de forma completamente aberta sobre as maravilhas da depilação feminina nos anos 80. Tudo isto num ambiente onde o culto ao prazer é defendido até à última instância, com a sede de Stratton Oakmont sendo uma espécie de antro de devoção ao estilo de vida proposto. São várias as sequências em que o Belfort conduz as suas “ovelhas” rumo ao hedonismo, seja ele de que forma for, pregando a importância do dinheiro e o bem que ele pode trazer. Simplesmente isto. 
Leonardo DiCaprio faz um trabalho espetacular e corajoso submetendo-se a uma cena de sadomasoquismo. Entretanto, mais do que corajoso, DiCaprio brilha mesmo é quando está diante do microfone. É lá que, assumindo de vez a postura de motivador, ele rege a orquestra da Stratton Oakmont, com toda a sua fauna. O Lobo de Wall Street é bom avisar: os mais sensíveis podem chocar-se. Afinal de contas, o filme mostra de forma aberta um estilo de vida muito distante do condizente com os manuais de boa conduta. Mas este é, também, um dos motivos dele ser tão bom. Trata-se de um pontapé na porta, um filme que não tem medo de ser subversivo. É esta coragem que faz com que ele seja uma pérola rara neste mar chamado cinema americano. Para mim este filme é obviamente uma obra-prima. Deliciosamente depravado, trata-se de um filme corajoso na sua proposta narrativa e também conceitualmente, dentro do cinema contemporâneo, como poucas vezes se viu. Se ainda não viram não sei do que estão à espera <3<3<3<3

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