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sábado, 26 de agosto de 2017

Harry Potter e o Príncipe Misterioso

Chegamos ao nosso penúltimo dia da Semana Harry Potter e como não podia deixar de ser, vou falar do nosso querido filme Harry Potter e o Príncipe Misterioso.
O Principe Misterioso pode não ser a revelação da saga Harry Potter, mas certamente é um dos filmes mais densos da série. O diretor David Yates teve aqui o mérito de trazer um livro bastante teórico para os ecrãs de um modo muito satisfatório, esboçando viagens, diálogos quase filosóficos, crises de consciência e a abertura para a grande investida do bem contra o mal. Embora haja uma infantilização nada necessária e os amores adolescentes tenham minimizado bastante o valor geral do filme, o apuro estético contido nas diversas sequências de magia e a grande jornada de Harry ao lado de Dumbledore, mais sentida no livro do que no filme, fazem desta obra, apesar dos defeitos, uma boa e sombria diversão.
Com a ascensão do poderoso Lord das Trevas, a comunidade bruxa procura ao máximo minimizar os efeitos que isso pode causar nas suas vidas, mas a agressão dos Devoradores da Morte, agindo cada vez mais abertamente, só mostra o quão complexa é a situação da sociedade bruxa naquele momento. Uma comparação com a ascensão de qualquer regime fascista não seria deslocada aqui, e podemos observar essas semelhanças de uma melhor forma se nos focarmos no discurso do Voldemort e dos seus seguidores, com destaque para a primazia dada aos bruxos de “sangue-puro” ou a forma como ele trata os que não se enquadram naquela categoria. Tanto na obra literária quanto no cinema, O Enigma do Príncipe é uma espécie de ponte para a longa jornada e futura batalha que ocorrerá em Hogwarts mais adiante.
Há um deslocamento das aulas, do funcionamento interno de Hogwarts para algo mais “desleixado”, e o guião do filme, nesse sentido, sofre bastante. Mas a compensação aparece nas “viagens” feitas por Harry, com destaque para a ótima animação feita “com tinta” em relação ao pensador e em toda a longa sequência de Dumbledore e Harry na busca da Horcrux num rochedo perdido do Mar do Norte. Um dos ótimos momentos visuais no filme é o feitiço lançado por Dumbledore que afasta os mortos do lago. Na mesma medida, vejo que a morte do diretor de Hogwarts é de deplorável alcance dramático, com uma secura que não convém àquela cena que deveria ter tudo para ser uma das melhores. Isso é ainda mais grave, porque a fotografia de Bruno Delbonnel não ajuda nem um pouco a construir os sentimentos do espectador e nem em passar as mudanças internas da obra através de uma paleta de cores ao menos básica. Isso que dizer que O Enigma do Príncipe é certamente o exemplar monocromático da saga. Isso aconteceu antes, é verdade, mas aqui, essa presença é maior e de impacto mais negativo, justamente pelo peso que o texto nos traz.
Mas infelizmente não para por aí. O fim do filme é realmente o seu ponto mais fraco, com uma deixa e um arranjamento de eventos que nem satisfaz bem a totalidade do presente filme e nos enerva ao máximo quando não prepara bem o cenário para os eventos que virão. Ao menos no livro essa deixa está bem estruturada, Steve Kloves deveria ter seguido o exemplo literário nesse ponto.

Apesar de todos estes elementos, O Enigma do Príncipe não é um filme tão odioso quanto pintaram-no alguns fãs. Vale uma boa e tensa visualização, apesar do ar de romance adolescente e certas escolhas narrativas contrastarem com a realidade trágica em que os bruxos enfrentavam. Uma realidade que só piora a partir daqui!
Nem posso acreditar que a Semana Harry Potter já acaba amanhã :( Vou ter saudades de falar da minha saga preferida de todos os tempos!


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