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sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Harry Potter e a Ordem da Fénix

Estamos a chegar à reta final da nossa Semana Harry Potter e isso significa que chegamos finalmente ao meu livro/filme preferido, exatamente o Harry Potter e a Ordem da Fénix, eu simplesmente amo o filme e amo ainda mais o livro <3
Desde que Alfonso Cuarón dirigiu Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, as aventuras do agora bruxo míope e com uma cicatriz em forma de raio na testa deixaram de ser voltadas ao público infantil. Cuáron revolucionou a saga ao optar por uma abordagem mais séria e sombria, que foi levada adiante por Mike Newell em Harry Potter e o Cálice de Fogo. Mas é este Harry Potter e a Ordem da Fénix que define o que a saga já deveria ter sido há muito tempo, e os méritos disso vão especialmente para David Yates, um premiado diretor televisivo, que causou certas dúvidas sobre se era a escolha apropriada ou não, mas que surpreendeu com o seu bom resultado fazendo um dos filmes mais interessantes da saga, senão mesmo o mais interessante.
Já no seu quinto ano em Hogwarts, Harry descobre que a comunidade bruxa está a abnegar o seu recente encontro com o maligno Lord Voldemort, preferindo fechar os olhos perante as notícias de que o Voldemort teria regressado. Temendo que o venerável diretor da escola de Hogwarts, Albus Dumbledore, esteja a mentir sobre o retorno do Lord das revas, na tentativa de tomar o seu cargo, o Ministro da Magia Cornelius Fudge indica um novo professor para a disciplina de Defesa Contra as Artes Negras, de forma que este fique de vigia a Dumbledore e aos alunos de Hogwarts. Mas a indicada, professora Dolores Umbridge, faz com que a disciplina deixe de ser ministrada para os bruxos mais novos que estão despreparados para defender-se contra as artes negras que ameaçam a comunidade bruxa. Diante disso os amigos Ron, Hermione e Harry tentam resolver o problema formando secretamente um pequeno grupo de estudantes quem se denominaram “Armada de Dumbledore”. Harry ensina-os a como se defenderem contra as Artes Negras, preparando-os para uma batalha futura.
Assumindo o cargo de guionista Steve Kloves, o novato Michael Goldenberg alcança um ótimo resultado ao conservar apenas o essencial da história. Ainda que exista um ou outro tropeço, em termos de guião, o filme apresenta um grande salto: é mais complexo, mais tenso e trabalha muito bem nos aspetos dramáticos de alguns personagens. Claro, para isto, o Goldenberg foi forçado a realizar grandes cortes na obra, o que logicamente, causou a revolta na maioria dos fãs, incluindo a minha. Mas ainda que seja superior aos seus antecessores neste quesito, existe algo que tira boa parte da força do filme, que é a pouca inventividade da produção. O filme não é tão inteligente quanto O Prisioneiro de Azkaban, nem tão eletrizante quanto O Cálice de Fogo. Mas é, sem dúvida, superior aos dois primeiros exemplares, pelo facto de se afastar completamente do tom infantil e inocente visto nos filmes de Columbus. O clima de magia e descontração aqui é inexistente, dando lugar à evolução da história e dos personagens.
E em meio ao clima pesado que permeia quase cada canto do filme, o diretor encontra tempo para criar cenas belas e sensíveis, como o primeiro beijo do Harry (infelizmente com a Choo), um momento que é motivo de grande euforia, não apenas para o bruxo, mas para os fãs, que tão ansiosamente aguardavam por um momento destes. Outra passagem interessantíssima acontece durante um diálogo entre Harry e o seu padrinho, Sirius Black, onde o rapaz desabafa estar com medo de possuir uma certa tendência para o mal, pelo facto de estar sempre irritado, e é quando Sirius lhe responde que o mundo não se divide entre pessoas boas e más, todos temos luz e trevas dentro de nós, e que o que conta é o lado no qual decidimos agir. Um momento sem dúvida marcante. E todas estas emoções complexas e diversas são passadas ao espectador com uma atuação muito mais eficiente do Daniel Radcliffe. Este foi o primeiro filme que exigiu mais do trabalho dele e o ator respondeu com bastante competência, apresentando uma maior entrega ao papel e tornando Harry uma figura muito interessante de se acompanhar. Mas Radcliffe ainda precisa de um pouco mais de esforço para conseguir equiparar-se com a Emma Watson, sem dúvida, a mais expressiva do trio. A sua personagem é inteligente, racional, sabe o que quer, e tudo somado ao carisma de Watson torna Hermione uma das facetas mais interessantes da saga. Mas deve-se destacar também a evolução do Rupert Grint e o novo rumo que o seu personagem toma. Deixando de vez as caretas de lado, vemos que Ron já não é mais aquele rapaz palerma que víamos nos filmes anteriores. Quando o vemos defender o seu melhor amigo das injustas investidas maldosas dos outros, percebemos que ele já não é mais uma caricatura e sim um rapaz capaz de se por à frente do perigo para proteger a sua forte amizade com o Harry.
E já que chegamos à discussão sobre os personagens, é impossível não sentirmos uma tristeza ao ver uma variedade de coadjuvantes, interpretados por atores tão eficientes, serem reduzidos a pequenas participações. Alan Rickman, Maggie Smith, Robbie Coltrane, Brendan Gleeson, todos possuem um tempo ínfimo no filme, e mesmo que ainda cumpram os seus deveres com eficiência, fica difícil não nos sentirmos decepcionado pela redução de personagens tão interessantes. Mas o filme compensa todas estas diminuições com três adições pra lá de satisfatórias: a primeira é Evanna Lynch, que interpreta a esquisita mas simplesmente fofa e fantástica Luna Lovegood. Impressionante como a atriz, escolhida entre 15 mil candidatas, transborda naturalidade no ecrã, o que torna impossível não abrirmos um sorriso a cada vez em que ela aparece. Da mesma forma, Helena Bonham Carter torna digna de aplausos a sua interpretação da tresloucada Bellatriz Lestrange, que apesar de também não possuir muito tempo em cena, já dá uma prova do que esperar da personagem.
Mas o filme é dela. Da imensa Imelda Staunton. Já indicada ao Oscar de melhor atriz, Staunton traz-nos aquela que é, possivelmente, a melhor atuação de toda a saga. Desde a sua forma de andar, até ao seu modo de falar e sorrir, Staunton encarna com uma perfeição tremenda a megera e odiosa Dolores Umbridge. Nada menos que uma atuação espetacular. Mas surpreendentemente, o filme encontra alguns empecilhos na sua parte técnica. E isso é visível em alguns efeitos visuais. Mesmo com um gordo orçamento de 500 milhões de dólares, alguns efeitos visuais acabam por soar mal feitos e irreais, como é o caso do gigante Grope, feito completamente em CGI, e que consegue ser ainda pior do que o Trasgo visto no primeiro filme. Entretanto, é visível o esforço da equipa neste aspecto quando chegamos ao movimentado e divertido clímax. Um duelo entre varinhas tenso e empolgante, que culmina num grandioso embate final, regado a efeitos de fazer cair o queixo.
Sinceramente foi uma pena que a saída do compositor John Williams, que foi responsável pela trilha dos três primeiros filmes, continue a prejudicar a série. Se o Patrick Doyle, no quarto filme, não conseguiu equiparar-se ao compositor veterano, aqui o resultado é pior, já que o filme conta com uma trilha fraca e pouco inspirada de Nicholas Hooper, que não chega a ser má, mas passa praticamente despercebida. Deve-se destacar, porém, o admirável trabalho de fotografia de Slawomir Idziak, que abusa das entonações azuladas, e que contribui para a construção do clima sombrio do filme. E o competente desenhista de produção Stuart Craig, único da equipa técnica que permaneceu na saga desde o primeiro filme, novamente faz um trabalho esplendoroso, ao criar cenários luxuosos, grandiosos e que foram, injustamente, esquecidos pela premiação do Oscar.
Entre os seus erros e acertos, A Ordem da Fênix consegue surpreender pelo seu resultado super positivo, mesmo que nos faça torcer o nariz em vários momentos. Surpresa maior é o bom trabalho feito por David Yates, que com a sua direção segura, apesar de pouco ousada, mostra que, de facto, entendeu a essência da saga, e transformou este filme no mais interessante da saga.
Bem parece que neste quinto dia da nossa Semana Harry Potter descobriram o meu filme favorito ;) mas até ao fim desta semana mais filmes virão, fiquem atentos ;)

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