O jogo transmite constantemente o mesmo clima do livro. Há uma frequente sensação de desolação e perigo que são cuidadosamente balanceados com momentos de maior descontração como as famosas piadinhas da Ellie, o Joel a lembrar-se como era o mundo há vinte anos. Em várias partes do jogo são-nos apresentados cenários estonteantes com a natureza a tomar de assalto as antigas cidades e essas sequências são imprescindíveis para dar-nos um pouco de relaxamento da restante tensão.
O motion capture, o voice acting e o lip-sync do jogo são tão impressionantes que nos passam a perfeita impressão de estarmos a ver pessoas verdadeiras, como se fosse um filme. As expressões dos personagens garantem um grau de drama bastante raro em qualquer outro jogo, aproximando-nos, tornando-nos íntimos e importando-nos tanto com Joel quanto com Ellie. Isto é corroborado pelo alto grau de profundidade presente em todos os personagens.
O design dos inimigos é simplesmente impressionante, assim como a sua inteligência artificial. Os glicadores (em português) são aterrorizantes e dividem-se em quatro categorias: runner, semelhantes a um zombie, grunhe e corre atrás do jogador se o conseguir perceber; clicker, com um nível um pouco mais avançado da infecção têm a cara toda coberta por fungos o que os torna cegos. “Vêm” através de um barulho que fazem semelhante a um “click”, daí o seu nome. Depois há também os bloaters, que são os mais infectados. Eles têm o corpo todo coberto de fungos, são seres enormes que lançam nuvens de toxinas no jogador. E, por fim, o lurker que foi o que mais me assustou, já que ele corre de um lado para o outro ou escondesse, à espera para fazer um ataque surpresa.
O maior perigo do jogo, na verdade, são os próprios humanos. Embora os infectados assustem mais e nos deixem mais tensos, são os humanos que nos fazem passar a maior dificuldade. Como dito no próprio jogo, eles são imprevisíveis. Enquanto um infectado tem um objetivo claro, o do homem tem uma gama de possibilidades desconhecidas.
The Last of Us, coloca-nos perante situações contra os infectados e outros sobreviventes e cada uma delas totalmente diferente. Nenhum encontro é igual, nenhuma estratégia sempre dará certo – é preciso pensar e, muitas vezes, repetir, para alcançar o objetivo da melhor maneira. A forma de jogar é bastante simples, controlamos o Joel numa visão de terceira-pessoa. Os controlos são fáceis de nos acostumarmos, não sendo repletos de detalhes confusos e a câmara é totalmente controlável por nós, permitindo uma visão de 360º. Para facilitar a furtividade e a criação de estratégias, os nosso personagem conta com uma habilidade fantástica, o listening mode, que permite ouvir os inimigos à sua volta, “vendo” através das paredes pelo som. A história é dividida em capítulos demarcados por cada uma das quatro estações do ano. Dentro desses seguimos um objetivo que geralmente apresenta-se no início de cada capítulo. O jogo apresenta um sistema de upgrade de armas e a criação de itens bastante interessantes. Podemos melhorar todos os nossos equipamentos utilizando peças encontradas ao longo da história e também criar itens como bombas de fumo, minas de proximidade, melhorar armas brancas pondo pregos em bastões por exemplo. Esses itens criados e armas aprimoradas garantem um alto grau de personalização da experiência, podemos agir mais em surdina, passando por inimigos sem que eles nos vejam ou investir pesadamente em armas e matar qualquer adversário que apareça. Qualquer um dos inúmeros modos do jogo é incrivelmente divertido.
Além desta customização, o jogo possui diversos níveis de dificuldade, que vão desde o Easy até ao desafiador Survivor, que apenas é desbloqueado após o fim do jogo.
Após terminar a história principal é possível iniciar um New Game Plus que permite reiniciarmos o jogo com todas as melhorias feitas no anterior. Só é possível conseguir todos os troféus do jogo ao terminar em todas as dificuldades mais de uma vez. Cada troféu oferece skins para utilização durante o jogo, as quais alteram o visual de Ellie e Joel.
O modo multiplayer do jogo, embora seja dispensável, é bastante divertido. Nele podemos escolher entre duas facções: Fireflies e Caçadores. Como outros jogos, podemos escolher uma classe que melhor se encaixa com o nosso estilo no início de cada sessão. O objetivo é eliminar a outra equipa. O modo é bastante simples mas tem uma costumização de personagens e um sistema de níveis que conseguem prender a atenção do jogador.
The Last of Us é definitivamente um dos melhores jogos que eu joguei e também desta geração de vídeo-jogos. É uma experiência incrível que merece ser aproveitada pelo menos uma vez. O jogo consegue prender a nossa atenção desde a introdução e faz com que queiramos jogá-lo por inteiro imediatamente após terminá-lo. Mas preparem-se, ele tem uma carga dramática intensa e sem dúvidas irá tirar algumas lágrimas até dos mais duros. Eu sou sincera eu chorei, e não foi pouco!
I want to play this!!!!!!!!!!!!
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